Assessor da PGR vira alvo em apurações ligadas às operações Fames-19 e Maximus

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na última segunda-feira (22), mandados de busca e apreensão em endereços de Felipe Alexandre Wagner, assessor da Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeito de vazar informações sigilosas de processos envolvendo autoridades públicas, entre elas governadores e desembargadores. A ação integra a Operação Sisamnes, que apura suposta venda de decisões judiciais, e foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a investigação, Felipe teria repassado informações internas da PGR para investigados no Tocantins, estado citado em decisões judiciais ligadas às operações Fames-19 e Maximus, ambas em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Durante a ação, foram apreendidos um celular e um notebook do servidor.

Citação em interceptações

O nome de Felipe surgiu em diálogo interceptado entre o prefeito de Palmas, José Eduardo de Siqueira Campos (Podemos), e Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos). A conversa, de 26 de junho de 2024, abordava o vazamento de informações das operações que investigam desvios de recursos públicos no estado.

Na gravação, Campos cita Felipe como contato em Brasília com acesso a pareceres. Ele teria afirmado que o servidor era “o cara que vai escrever as coisas para a própria menina que deu esse parecer para o gabinete”. Ainda não está esclarecido quem seria a pessoa mencionada como “menina” nem até onde avançaram as apurações a partir dessa pista.

Repercussão na PGR

De acordo com fontes ouvidas pela Revista Piauí, o pedido de busca partiu da própria PGR. Internamente, a Procuradoria teria decidido pela exoneração de Felipe do cargo em comissão (CC-4), mas a medida ainda não foi publicada no Diário Oficial da União.

O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, responsável por inquéritos envolvendo autoridades tocantinenses, afirmou à revista que não comentaria o caso. “Não posso comentar. A lei me proíbe”, declarou.

Alcance da operação

A Operação Sisamnes já havia atingido desembargadores, advogados e lobistas suspeitos de intermediar decisões judiciais. A inclusão de um assessor da PGR no rol de investigados amplia o alcance da investigação, levantando a hipótese de que a rede de vazamentos não se restringia ao Judiciário, mas alcançava também o órgão responsável por conduzir parte das apurações.