Os incêndios florestais criminosos têm causado estragos significativos na agricultura do Tocantins, impactando diretamente a vida de milhares de produtores rurais. De acordo com a Aprosoja Tocantins, o setor agrícola é o mais prejudicado por essas práticas destrutivas, que não apenas degradam o solo e comprometem a produção, mas também afetam a saúde e o bem-estar das comunidades rurais.
A Aprosoja Tocantins, representando os interesses de muitos produtores do estado, repudia qualquer ação de queimadas sem a devida autorização dos órgãos competentes. A associação defende que a punição dos infratores é essencial para prevenir futuros danos e proteger o setor agrícola, assim como o meio ambiente.
A presidente da Aprosoja Tocantins, Caroline Schneider Barcellos, destaca a gravidade da situação: “Além das perdas financeiras significativas, os agricultores do Tocantins estão sendo severamente impactados pelos incêndios, que devastam grandes áreas de cultivo, reduzem a fertilidade do solo e liberam poluentes prejudiciais à qualidade do ar e à saúde das pessoas nas proximidades. É importante que os responsáveis por essas ações irresponsáveis sejam identificados e punidos adequadamente”, afirma Caroline.
Além de exigir ações punitivas, os associados da Aprosoja Tocantins estão comprometidos em promover práticas agrícolas sustentáveis e métodos de prevenção de incêndios. A associação acredita que, com a colaboração de todos os setores envolvidos, é possível minimizar os impactos das queimadas e garantir um ambiente mais seguro e produtivo para a agricultura.
O engenheiro agrônomo e produtor associado da Aprosoja, Paulo André Woicikoski, enfatiza que o fogo não é de interesse para nenhum produtor rural. “O produtor rural luta com todas as forças para proteger sua propriedade dos incêndios, porque tudo que ele constrói no solo é sustentado pela palha. A palha é fundamental para a vida do solo. Queimar a palha é um grande erro, pois ela é crucial para a saúde do solo. Quando a palha se decompõe, fornece nutrientes essenciais para uma variedade de microorganismos que vivem no solo. Portanto, a presença de palha é vital para manter a fertilidade e a vitalidade do solo”, explica.
Woicikoski destaca ainda que o principal impacto dos incêndios criminosos é a desproteção do solo. “A palhada no solo atua como um ‘protetor solar’, protegendo o solo e os microorganismos das altas temperaturas. Sem essa proteção, o solo fica exposto e perde sua vitalidade. Além disso, a decomposição da palha oferece alimento aos microorganismos, promovendo uma vida mais rica e saudável no solo. Portanto, as queimadas não só eliminam essa camada protetora, como também comprometem a microbiota essencial para a saúde do solo. Para nós, que valorizamos a fertilidade e a sustentabilidade, as queimadas são inaceitáveis e nunca são bem-vindas”, enfatiza o agrônomo.
E conclui: “Enfrentamos grandes desafios no combate a incêndios devido à falta de equipamentos e suporte adequado do Estado e municípios, que muitas vezes carecem de infraestrutura. Apesar das limitações das unidades do Corpo de Bombeiros, os produtores adotam medidas preventivas, como aceiros e a limpeza das divisas e estradas. Utilizam também drones para monitoramento e mantêm tanques de água e outras ferramentas para agir rapidamente.”
Suspensão das autorizações para uso do fogo
Desde 20 de julho, todas as autorizações ambientais para queima controlada no Tocantins estão suspensas, e novas emissões não serão feitas até 30 de outubro de 2024. Na prática, o uso do fogo está oficialmente proibido no estado.
A medida, publicada pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), é decretada anualmente e visa reduzir a incidência de incêndios florestais e proteger o meio ambiente.