O primeiro fim de semana após a decisão judicial que reconduziu Wanderlei Barbosa ao governo do Tocantins foi marcado por duas posturas distintas: enquanto o vice-governador e ex-interino Laurez Moreira permaneceu em silêncio público, o governador reassumiu o comando adotando movimentos graduais de reorganização administrativa, reaproximação política e revisão dos atos dos 93 dias de gestão interina.
Entre as primeiras medidas, Wanderlei promoveu uma nova exoneração em massa no primeiro escalão — a primeira foi feita durante o governo interino — e iniciou nomeações estratégicas para pastas como Segurança Pública, Educação, Fazenda e Comunicação, devolvendo cargos a gestores que já integravam sua equipe antes do afastamento. Outras secretarias, autarquias e fundações permanecem sem comando definido e devem ter titulares anunciados ao longo da semana.
Além da recomposição do secretariado, o governador determinou a criação de uma comissão formada pela Procuradoria-Geral do Estado, Casa Civil, Secretaria do Planejamento, Secretaria da Fazenda e Controladoria-Geral do Estado. O grupo irá revisar contratos, pagamentos, decretos e programas implementados ou suspensos durante o período interino. A avaliação abrange áreas como saúde, educação e segurança pública, além de iniciativas financeiras e administrativas.
Segundo o governo, a análise deve identificar impactos em serviços essenciais e na arrecadação estadual, que teria registrado queda superior a 20% durante a interinidade. Entre os pontos que serão examinados estão o decreto de emergência da saúde, o anúncio de repasses a municípios sem previsão orçamentária e o encerramento de programas como o Jovem Trabalhador e a Rede Integrada de Proteção à Mulher.
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Retorno político de Wanderlei é marcado por aproximação com aliados
O retorno de Wanderlei ao Palácio Araguaia foi acompanhado por deputados estaduais que integraram sua base durante o período de afastamento. O gesto reforçou laços políticos e consolidou o discurso de estabilidade defendido pelo governador ao reassumir o cargo.
Ao longo do fim de semana, prefeitos e lideranças regionais se manifestaram nas redes sociais, e apoiadores organizaram mobilizações espontâneas em municípios do interior. Apesar da recepção pública, Wanderlei manteve agenda restrita, priorizando conversas internas com parlamentares, secretários e assessores de confiança.
A postura adotada — sem confrontos e com ênfase na reorganização administrativa — foi interpretada nos bastidores como um sinal de que a recomposição política deverá ocorrer de forma gradual, após diagnóstico da atual situação da máquina pública.
Cargos ainda sem titulares e interinos acumulando funções
Mesmo com parte do secretariado recomposta, dezenas de pastas seguem sem nomeação oficial. Entre elas estão Igualdade Racial, Cultura, Esportes e Juventude, Mulher, Parcerias e Investimentos, Povos Originários, Trabalho e Desenvolvimento Social, Turismo e outras estruturas administrativas.
Enquanto as escolhas definitivas não são anunciadas, servidores já nomeados passaram a responder interinamente por algumas secretarias e órgãos, como é o caso da Segurança Pública, Cidadania e Justiça, Governadoria, Saúde, Planejamento, Agricultura e Tecnologia da Informação.
Enquanto isso, Laurez Moreira mantém silêncio
Desde que deixou o cargo na sexta-feira (5), após cumprir decisão do Supremo Tribunal Federal, Laurez Moreira não comentou publicamente sua saída nem as exonerações que atingiram todo o secretariado indicado por ele. O ex-governador interino também não se manifestou sobre a revisão administrativa anunciada por Wanderlei.
O silêncio de Laurez ocorre em um momento em que atos de sua gestão passam a ser analisados pela comissão recém-criada, que deve apresentar um relatório com diagnósticos sobre contratos, pagamentos suspensos, programas descontinuados e medidas que ainda terão repercussão na administração estadual.
Próximos passos
A recomposição do governo deverá ocorrer ao longo da semana, com novas nomeações e realocações políticas. O ritmo adotado por Wanderlei sugere uma transição cautelosa, em que a reorganização administrativa e o alinhamento com a base parlamentar serão determinantes para definir o novo cenário político no Tocantins.